- Competição
- 16 Novembro, 2021
- Trek
Bruno Sancho faz a dobradinha em XCM aos comandos da Supercaliber O domínio de Bruno Sancho este ano com conquista da Taça e do Campeonato de XCM foi incrível
Vencedor dos títulos mais importantes em Portugal na vertente de Cross-Country Maratonas: o Campeonato Nacional e a Taça de Portugal, Bruno Sancho ainda conseguiu juntar à dobradinha o título de Campeão Regional da Associação de Aveiro.
O surpreendente domínio que o Bruno obteve no ano de 2021, pode ter apanhado alguns dos seus adversários de surpresa, mas é o culminar de uma longa carreira no ciclismo tanto na vertente de estrada como no BTT. Um atleta que disputou o Campeonato Nacional na sua terra – Mortágua – e que apesar de vitorioso, reconhece humildemente o valor dos seus adversários, e o tremendo esforço que foi necessário para alcançar este títulos.
Venceste o Campeonato e a Taça Nacional de XCM, qual foi a sensação de fazer a dobradinha?
Quando tu estás numa linha de partida de um campeonato nacional, ao lado de um Tiago Ferreira ou um Roberto Ferreira, tu pensas: ganhar a eles é possível, mas não será nada fácil. Depois chegas ao fim e consegues a vitória, e sabes que durante um ano vais ser distinguido no meio do pelotão com uma camisola diferente, as pessoas vão-te olhar de outra forma, isso é uma sensação ótima.
No início do campeonato achavas-te um dos favoritos à vitória?
No meu ponto de vista não o era. Embora o campeonato fosse na minha terra, em Mortágua, e eu conhecesse muito bem o percurso e estivesse bem preparado, não achava que era o principal candidato. No ano passado já tinha sido terceiro no campeonato nacional, e este ano tinha o objectivo de chegar ao pódio, mas não ia sequer a pensar na vitória, achava que era muito difícil tendo em conta a concorrência. Mas correu-me muito bem, não tive problemas mecânicos, estava muito forte e motivado.
Quais são os objectivos para o próximo ano, pensas em revalidar os títulos obtidos esta época?
Obviamente gostava de revalidar o título, mas tenho a perfeita noção que estou no mesmo patamar que estava antes de ser campeão nacional. Acho que ainda assim há atletas que são superiores a mim e têm condições para chegar mais facilmente à vitória, no entanto tendo em conta o que se passou o ano passado com um terceiro lugar, e este ano com o título obtido, posso dizer que tenho a obrigação de tentar lutar pela vitória no Campeonato Nacional de XCM.
A Taça também é um objetivo, mas não o principal. Eu gosto de ir avaliando prova a prova, e se as circunstâncias se conjugarem, é óbvio que eu não vou abdicar da taça.
Gostava muito de fazer alguma prova internacional de prestígio, como o Brasil Ride ou similar. Outra coisa que eu gostava de experimentar era um Campeonato da Europa de XCM, se fosse possível reunir condições para ir.
Quem foram os teus grandes rivais esta época?
Foi sobretudo o Roberto Ferreira, ele foi segundo no Campeonato Nacional, e na Taça de XCM ganhou-me na prova de Melgaço. Discutimos várias corridas, onde fazíamos em conjunto uma grande parte do percurso. Penso que até uma determinada fase da época ele estava claramente mais forte, mas à medida que eu fui melhorando consegui batê-lo várias vezes.
O Roberto Ferreira também compete aos comandos de uma Trek Supercaliber, consideras que a bicicleta foi um dos fatores determinantes para o vosso desempenho?
Sim, é uma bicicleta que tem um comportamento espetacular, quando tu carrega nos cranques ela anda mesmo para a frente! E quando precisa acho que ela absorva o terreno, ela fá-lo de forma exemplar. Tenho 22 anos de ciclismo, alguns deles como profissional, e foi o primeiro ano que corri com Trek, mas adorei a bicicleta. Não tive problemas nenhuns de mecânica, ao contrário do que aconteceu em anos anteriores. Fiquei muito satisfeito por ter comprado uma Trek Supercaliber.
O que te levou a optares pela Supercaliber?
Primeiro, fiquei curioso com aquele sistema de amortecedor, do qual ouvia falar maravilhas… o facto de a escora traseira ceder um pouco para ajudar a absorver o terreno. Mas foi sobretudo o carácter da bicicleta, conseguir transformar-se totalmente numa rígida, ao invés de outras bicicletas de suspensão total que mesmo com o bloqueio ativado, bombeiam muito e não avançam. Na Trek Supercaliber cada vez que bloqueio a bicicleta, ela comporta-se como uma rígida autêntica. Além disso, é muito leve para uma bicicleta de suspensão total.
A descer é uma bicicleta que consegue ler muito bem as partes técnicas e absorver bem as irregularidades, o que é algo muito importante nas provas de XCO.
Tu vens do ciclismo de estrada, como foi a adaptação ao BTT?
Na realidade eu comecei a praticar BTT antes de me dedicar à estrada, e inclusive já tinha sido campeão nacional de Cross Country em 1999. Mais tarde fiz a passagem do BTT para a estrada, onde me tornei profissional e corri por algumas equipas de prestígio. Mas numa altura em que estava em progressão na minha carreira, e já era considerado um sprinter com algum prestígio, tive uma lesão grave que limitou muito o meu desempenho futuro. A minha performance estagnou completamente e os resultados nunca mais foram os mesmos.
Depois já em final de carreira na estrada, fiz novamente a passagem para o BTT, porque adoro o BTT – é a minha paixão.
Quais as dificuldades que encontras na tua preparação para as provas?
Eu ganho peso facilmente, e depois perdê-lo é um bocado complicado. No início da época começo com piores resultados e vou melhorando ao longo do ano. Provavelmente, se o campeonato nacional fosse em maio como estava previsto, teria até um bom resultado, mas se calhar não estava preparado fisicamente para poder andar à frente.
Eu não tenho treinador, acho que não justifica porque não consigo ter um horário fixo para treinar. A minha vida profissional não me permite treinar muito, gostava de viver só para o desporto, mas tal ainda não foi possível. Há alturas em que o tempo para treinar não é aquilo que se deseja mas é o que se consegue. Torna-se mais difícil sobretudo na pré-época. Depois à medida que os dias vão ficando maiores, eu já consigo trabalhar melhor e concentrar-me mais nos objetivos. Isso permite-me estar novamente bem no final do ano e foi graças a isso que também consegui estas vitórias.
Eu trabalho numa carpintaria que é do meu pai, e geralmente vou para lá de bicicleta, é um percursos de 45 minutos, e depois, ao fim do dia faço o meu treino. Durante a semana faço treinos curtos, ao fim de semana aproveito para fazer os treinos mais longos e mais duros. Quando há um objetivo mais importante tento tirar uma tarde por semana quando é possível.
Eu sou um atleta que não treino para as partes mais técnicas dos trilhos, como o tempo é reduzido foco-me mais no treino físico. Mas tenho tenho a certeza que se treinasse mais a parte técnica, poderia evoluir um pouco mais no XCO.
Corres pela equipa Korpo Activo/Penacova. Sentes que te dão o apoio que necessitas para atingires o teu máximo em competição?
Sim, não tenho razão de queixa, e já represento a equipa há alguns anos! Desde o primeiro momento que gostei de trabalhar com eles. As condições que eu pedi, nunca me recusaram nada. Deram o apoio que necessitava para a competição este ano, devo-lhes uma parte destes resultados, que também são deles. Estiveram sempre presentes não me deixaram falhar abastecimentos, que é algo que pode parecer que não é importante, mas é mesmo muito importante. Numa maratona se falhar um abastecimento, só passado uma ou duas horas é que tenho oportunidade de voltar a abastecer, e isso seria “a morte do artista”! É uma equipa que tem crescido e que tenho gosto em representar.
Tu vives em Mortágua, encontras na região as condições ideais para os teus treinos?
Sim, em Mortágua temos condições muito boas, estamos entre duas serras: a do Caramulo e a do Buçaco, que são bastante conhecidas pelas condições para a prática desta modalidade.
A Serra do Caramulo é muito procurada agora em dezembro, com o Assalto ao Caramulo, que reúne sempre milhares de pessoas e tem trilhos brutais para andar de bicicleta.
Tenho subidas, descidas, terreno plano, zonas mais técnicas… acho que estou bem servido!
Preferes rolar em estradão ou singletrack?
Claramente singletrack! Adoro! Por exemplo na Serra do Buçaco encontro trilhos muito divertidos e muito bonitos. Agora já não tenho tanto tempo para isso, mas um dos meus hobbies é pegar na enxada e ir abrir trilhos. Quando eu e o meu irmão éramos profissionais, durante a pré-época um dos nossos vícios era construir trilhos para andarmos.
E para o futuro próximo, quais são os objetivos?
Para ser sincero gostava de ir a um campeonato da Europa, ou uma prova internacional e conseguir um bom resultado nestes próximos anos. Já tenho 35 anos, não posso pensar em continuar a correr a este nível com muito mais energia. Mas gostava de conseguir um top 10 no campeonato da Europa. Sei que é muito difícil, mas não deixa de ser um objetivo e acho que não é impossível. Vamos ver se consigo primeiro lá chegar, na melhor forma possível, e depois logo penso nos resultados.
Fotos: Luís Norte
About the Author: Trek
A nossa missão: fabricamos apenas produtos que adoramos, oferecemos uma hospitalidade incrível aos nossos clientes e mudamos o mundo ao colocar mais pessoas a andar de bicicleta.